O poema apresenta um eu lírico saturado. Saturado não da vida, mas da insensatez coletiva. Da farsa. Da histeria travestida de retórica. O poema é, antes de tudo, um gesto: o de quem decide abandonar a tentativa de diálogo com os “envenenados” — figuras que simbolizam os sujeitos intoxicados por discursos de ódio, orgulho torpe e fanatismo.
"Declino" é um poema que exemplifica o melhor da produção lírica brasileira contemporânea. Ele articula crítica social, introspecção moral e linguagem poética refinada, sem cair no simplismo ou na grandiloquência. Sua força reside na capacidade de sintetizar complexos sentimentos humanos em poucas linhas, com imagens impactantes e vocabulário preciso.
É uma obra que se situa entre o existencialismo pós-moderno e a ética da linguagem, representando a voz de um tempo em que o silêncio e a recusa podem ser formas de resistência e dignidade.
Um poema maduro, politicamente consciente e poeticamente instigante.
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