Renascer: reconfiguração mitológica e tensão semântica no soneto contemporâneo

O soneto "Renascer", de Miguel Júnior, mergulha nas águas profundas da memória e da dor para extrair delas uma possibilidade de ressignificação. Com imagens de forte carga simbólica — como a “grua” que arrasta lembranças ou a “deusa Élpis” que sucumbe ao destino — o poeta constrói uma paisagem emocional onde o passado, embora afiado e sombrio, se converte em impulso para uma última e intensa caminhada. A Bahia, aqui, não é apenas espaço geográfico, mas lugar afetivo, origem e promessa de renascimento. A linguagem precisa, a forma clássica do soneto e o lirismo contido fazem deste poema um exemplo de como a poesia contemporânea pode se alimentar da tradição para, ao mesmo tempo, reinventar-se.



 

Postar um comentário

0 Comentários